O objetivo da odontologia moderna é devolver ao paciente o conforto, função, contorno, estética, fonética e saúde normais, independente da atrofia, doença ou lesão do sistema estomatognático.
A perda prematura dos elementos dentários acarreta uma mudança significativa na estrutura óssea. O dente, o osso alveolar e as estruturas de sustentação apresentam como função manter um equilíbrio fisiológico e biológico. Uma mudança neste sistema, como a perda de um elemento dentário, apresenta uma reabsorção óssea que varia de indivíduo para indivíduo, mostrando que há forças biomecânicas que regulam e controlam o processo de remodelamento ósseo.
O tecido ósseo pode ser dividido em osso cortical que é formado por sistema de Harvers e o osso trabecular que é constituído por trabéculas ósseas que formam um mosaico estrutural. Quando um dente é perdido, a falta de estímulo do osso residual causa diminuição nas trabéculas e na densidade óssea da área. A largura do osso diminui cerca de 25% durante o primeiro ano após a perda dentária e em geral em 4mm de altura durante o primeiro ano após as extrações para uma prótese total imediata.
O tratamento da reabilitação oral pode ser limitado por uma reabsorção alveolar resultante de uma perda dentária. Nessas situações se torna necessária o uso de enxertos ósseos para permitir a instalação de implantes em uma posição ideal. Vários estudos de enxerto têm sido propostos para procedimentos de aumento ósseo, porém o enxerto considerado como “padrão ouro” que tem apresentado melhores resultados clínicos é o osso autógeno (retirado do próprio indivíduo).
O osso autógeno apresenta-se como o melhor material para enxertia óssea devido a sua ausência de resposta imunológica, capacidade osteogênica, menor possibilidade de inflamação e infecção, e uma reparação tecidual mais rápida. A eleição da área doadora depende do tipo de defeito ósseo e volume necessário para a reconstrução da região a ser reabilitada.
As áreas intra-bucais como mento, região retro-molar e túber são suficientes para pequenas e médias reconstruções. Em áreas que necessitam de grandes quantidades ósseas, as regiões extra-bucais como o osso ilíaco, a calota craniana, e a tíbia são mais indicadas.
As vantagens que o enxerto ósseo intra-bucal proporciona em relação aos enxertos extra bucais são: proximidade entre a área doadora e receptora, acesso cirúrgico facilitado, redução do tempo de anestesia, redução do tempo de cirurgia, realização do procedimento em ambiente ambulatorial, menor desconforto ao paciente, recuperação mais rápida, menor morbidade. Como desvantagem as áreas doadoras intra-bucais apresentam uma quantidade óssea limitada quando há necessidade de reconstruções ósseas extensas.
O enxerto ósseo autógeno utilizado para reconstruções ósseas tem apresentado um prognóstico favorável, permitindo a reabilitação do paciente com implantes osseointegráveis em uma posição favorável e permitindo a realização de uma prótese adequada, devolvendo, função, estética, convívio social ao paciente e estabilidade emocional.
Referência bibliográfica: Misch CE. Aumento ósseo para a inserção do implante: Soluções para o enxerto ósseo. In: Mish CE. Implantes Dentários Comtemporâneos. São Paulo: Ed. Santos, 2000. p. 451-67.